EXORCIZAÇÃO

Da capa a medalha escamosa, _flor escarlate de fibra de algodão.

Destroços do coração de mácula perdido no ermo do mundo,

sem paz! Em segundos disfarçastes de anjo, mas és demônio sagaz!

Impregnado de ódio, _ sórdido anfitrião, que acolhes um coração de pedra.

Mira - mês, mas.. erras o alvo! Já conheço teus feios pés descalços

que esmagam o limo abaixo deles e sei do teu caminhar manco.

Pressinto no vento o cheiro ruim que vem de ti. _ Quase entonteço!

Bem sei o que queres de mim; _ meu corpo, minh' alma, que agitada percebe que se achegas e

joga-mes com um maléfico olhar ao chão quase a espatifar-me as asas.

Um crucifixo em ágata que seguro em minhas mãos abertas te mostram minha fé.

Me recomponho, quando um anjo me toca e levanta-me do chão.

Assim, fixamente olho-te na porta, que torta só sabe se deixar abrir.

Elevo meus olhos a te encarar. _Que monstro! Grito o nome de Deus!

Os anjos vêm em meu socorro e se aliam a mim para juntos te enfrentar.

Não quero sair de dento do teu olhar, _ vou te enfrentar, _ mais uma vez te enfrentar!

Dessa vez prá morrer ou matar. Incômodo sacrifício, ver nos teus olhos, apenas orifícios de vermelho excomungar.

Espero teu primeiro passo e o que ergues são as mãos a querer para si, me puxar.

Sacrfico-me em tentar mais calma ficar, meus anjos estão comigo.

São meu abrigo à tua inquisição.

Com eles nenhum perigo! São meus guerreiros e sabem a batalha a enfrentar. Ter fé e orar!!

Avanças a quereres muitos quereres de mim. Eu fito o teu negro olhar profano e feio.

Olhar de ódio a condenar-me a sentença mais sórdida, a amputação do meu ser.

Pensas que vais ter, mas lanço mão da minha espada afiada. A minha fé é a minha arma mais abençoada.

Cravo-te na testa, as pontas da ágata, e hurrando de dor, o sangue escorre por tua carcaça fédida. _Um horror!

Cais ao chão com as mãos a proteger os olhos. Enfim, a missão se cumpre.

Explodes se contorcendo ao chão. Abraço meus anjos que me embalam em suas asas, fechando-me em um laço.

Tiram-me dali. E do alto, ainda te vejo em pedaços, mas agora e prá sempre, fora do meu coração!

Edna Fialho Em 07/12/2008