Ungüento!

Ungüento de ternura 
a acalmar-me a alma trôpega 
de desejo de ti.
Meus dias se perdem 
na comoção de ter 
teus olhos a me embasar,
avivando as minhas vontades, 
perdendo-se no elo do etéreo.
Movo-me em delírios,
prendo-te em minhas ancas, 
vorazmente 
em um delito infinito...
Perco minhas verdades 
na qualidade limpa 
de tua sombra, 
de tua luz que me seduz, 
me faz refém, muito além 
do teu olhar enevoado 
de prazer.
Quem és tu, 
se não te mostras?
Apenas te postas 
a meu contento!
Reinvento-me 
para poder te descobrir, 
e ao abrir minha boca, 
louca pelo teu beijo;
desfaleço, sentindo que 
muito mais em mim tu estás, 
mesmo sem saber quem és 
e do que és capaz!
Não posso pronunciar 
o que sinto ao toque 
desse pungente dorso 
que se refestela sobre mim.
Me garimpa tesouros
em terra, em ar ... 
desritimando a minha emoção 
e enfim, no âmago da loucura 
percebo a constatação 
de que preciso de ti ...
És tudo e muito mais 
do que sou capaz de imaginar,
- E eu? - Imagino!
Edna Fialho