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domingo, 14 de dezembro de 2008

DESTINOS

Encolho-me no vazio da estrada deserta

sentada numa pedra a olhar o nada.

No ermo, me perco a procurar sua imagem perdida...

Faz tanto tempo você se foi!

Eu ainda lembro o momento que lhe arrancaram daqui

e aos prantos a sucumbir, eu não entendia o tanto que eras prá mim.

Não vi sua passagem ou a minha! Não tive coragem e me levaram não sei prá onde.

Creio que nesse instante o céu se abriu prá receber você ou eu.

Eu não gritei! Eu só chorei a dor da perda e ainda tenho essa dor em mim.

Olho a mata ao redor e lhe percebo no vento me tocar os cabelos num sopro.

Mostre-se prá mim, vem me buscar! Não consigo ficar sem você!

Sinto frio, calor, tenho medo, pavor, não sei ainda hoje se vivo ou se morri.

Nada mais tem sentido por aqui, não tem por que!

Infinitamente eu amo você, mas onde estás? Só lhe percebo dentro de mim.

Mesquinho demais me deixaste sozinha, perdida numa estrada vazia,

onde o nevoeiro não me permite ver além do que posso e não gosto, está turvo aqui.

Num resto de sentido que não me integra mais, eu sofro e sinto o seu sofrer!

Eu sucumbo, não faço mais parte desse mundo, ou é você que não faz?

Aniquilo-me! Atrofio-me na essência, sentindo-me nua, desprotegida, doente.

Tenho feridas acometidas em minha mente que sofre e não me pertence.

Sou doença, sou demência de não ter-lhe aqui! Onde fostes assim de mim?

Desiludida e aturdida, consolo-me em reviver as cenas

de dias felizes, de noites de lua, quando nua eu andava para você se excitar

na estrada deserta, farol alto em mim; era assim que você me via,

e eu a você na penumbra do carro, só seu contorno na direção.

Onde está seu corpo agora que se diluiu de mim?

Seu vulto procuro sentada, encolhida e chorosa na pedra fria da estrada.

Não vejo nada, só sinto frio e medo da sua ausência, mesmo assim,quase sem consciência ainda lembro

seu sorriso farto, seus braços fortes a me pegar no colo. Colo que agora imploro: -Vem me buscar!

Comigo rodopiar em beijos, desejos do amar, do infinitamente amar!

Lembro-me do contar estrelas e trazê-las a luz do seu olhar azul da cor do céu, do brilho do luar.

O toque do corpo, as mãos em meu rosto e eu longamente a lhe fitar. Quero de novo lhe encontrar,

você foi o presente que Deus me deu, mas quis tomar.

Até hoje me pergunto por que tanta tristeza em me dar a vida e a vida me tirar?

Não entendo, não suporto, e creio não mais daqui me levantar.

Estou sem forças, perdida, compelida até de orar.

Fragmentada, ainda lhe busco na estrada. Não acredito ainda que não vivo mais prá lhe tocar!

Ou foi você que se foi? - Meu Deus venha me notar! Me revele o que é isso que estou vivendo ou morrendo, - sei lá!

Que destino é esse que me aprontastes e não vens me revelar!

Nunca sei quando é dia ou noite. É frio e sombrio esse lugar! Voltaaa!!

Assim, pedaços de mim mutilados almejam seu beijo quente para me aquecer,

seus braços fortes para me acolher, suas mãos suaves a me acariciar. Onde estas!

Adornada por flores multicores, cheiro forte; não gosto se isso for morte para você ou prá mim!

Pareço estar num jardim, num florido sem fim, mas vejo o negro dentro de mim.

Continuo sentada na pedra, o infinito da estrada a olhar.

É aqui na estrada deserta, que retorno sempre a lhe buscar.

Edna Fialho Em 08/12/2008 Poesia registrada

2 comentários:

  1. Caracassssssssssss quem morreu afinal?
    Interpretação perfeita em efeitos excepcionais... Amiga! Isso é de uma profundidade extrema. Olha você qdo descoberta vai pro topo.. Parabéns!!!
    Caroline Rodrigues

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  2. Nossa, arrepiou mesmo. Siceramente, mexeu por dentro. Triste e belos versos. Parabéns!
    Jorginho Paranavaí Paraná

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